Uma pura formalidade no Teatro Bellini em Nápoles [Resenha]

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No palco do Teatro Bellini em Nápoles o espetáculo "Uma pura formalidade" retirado do filme homônimo de Giuseppe Tornatore

Da tela do cinema à cena teatral, como muitas vezes acontece com muitas obras-primas do cinema traduzidas em teatro de “carne e sangue”. O famoso filme do diretor Giuseppe Tornatore é transformado em versão teatral Uma pura formalidade, que ele mesmo definiu como seu melhor trabalho cinematográfico, realizado em 1994 e estrelado por Gérard Depardieu, Roman Polanski e Sergio Rubini.

Dirigindo o espetáculo, encenado ontem no Teatro Bellini de Nápoles, É Glauco Maurício, encenado no papel do Comissário, enquanto o papel do escritor Onofrio é desempenhado por um magistral Roberto Sturno. Numa realização cénica que nada tem a invejar ao potencial da linguagem cinematográfica.

A história se passa em uma noite escura e angustiante Delegacia de polícia, que parece distante do tempo e do espaço. O tempo é marcado pelo som da chuva incessante. Algumas figuras humanas emergem da escuridão. Pertencem a alguns policiais que conseguiram parar um louco correndo sob a tempestade, como se estivesse fugindo de alguma coisa. O homem é levado para a delegacia, onde assustado e desorientado é recebido por um comissário que, inicialmente, revela-se hostil e duro em seus modos. Mas bastam algumas perguntas para descobrir que o fugitivo é um famoso escritor de romances, Onofrio, o mais querido pelo próprio Comissário que não hesita, portanto, em suavizar sua atitude para com ele e recebê-lo da melhor maneira, oferecendo roupas secas e limpas. Deixado sozinho no palco para se trocar, não é preciso muito para o público perceber que a camisa do homem está ensanguentada e que ele mesmo não sabe o que aconteceu nas últimas horas.

Quando parece que o ambiente é o mais descontraído, o Comissário submete-o a algumas perguntas habituais, aquelas que ele próprio chama "Pura formalidade". Mas Onofrio começa a não se lembrar de nada, nem de sua própria identidade, nem por que se viu correndo na floresta, oferecendo continuamente versões diferentes de seu dia.

Na esquálida delegacia está realmente se desenrolando um interrogatório estranho e perturbador de um homem suspeito de matar uma pessoa, que morreu a poucos metros de sua casa de campo. Um homem que tem problemas óbvios de memória, mas provavelmente só porque “Os homens estão eternamente condenados a esquecer as coisas desagradáveis ​​de sua vida; e quanto mais desagradáveis ​​são, mais cedo estão prestes a esquecê-los”. Como ele mesmo afirma em um de seus romances.

E não serão necessárias fotografias, telefonemas, trechos e citações dos livros escritos pelo próprio Onofrio, para lembrá-lo dos detalhes daquela trágica noite em que tudo poderia ter acontecido. As perguntas do Comissário tornam-se os verdadeiros protagonistas do drama, e inevitavelmente levarão o protagonista e o espectador para um final único e imprevisível. O que explicará por que naquela sala irreal o ponteiro do relógio está sempre imóvel, por que a perspectiva parece tão irreal, por que as canetas não têm tinta para escrever e por que o telefone não tem linha.

Um final surpreendente que o hábil comissário provavelmente já havia entendido desde o início e que nos leva a pensar sobre a misteriosa jornada da vida…

O espetáculo será encenado no Teatro Bellini em Nápoles até 22 de março de 2015. Para informações sobre bilhetes e horários consultar nosso artigo dedicado.

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por escrito Valentina D'Andrea
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